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A anorgasmia é, de forma simples, a dificuldade persistente ou recorrente de atingir o orgasmo, mesmo com estimulação sexual suficiente e satisfatória. É importante ressaltar que isso pode acontecer em diferentes contextos, seja sozinha ou com uma parceria, e em diversas orientações e identidades sexuais. É mais comum do que se imagina e, para muitas pessoas, é uma fonte de frustração e insegurança.
Por Que a Anorgasmia Acontece?
As causas da anorgasmia são variadas e, geralmente, envolvem uma combinação de fatores. Na TCS, entendemos que a sexualidade é um fenômeno biopsicossocial, ou seja, influenciada por aspectos biológicos, psicológicos e sociais.
Fatores Fisiológicos: Condições médicas como diabetes, doenças cardíacas, desequilíbrios hormonais (como baixos níveis de estrogênio ou testosterona), problemas neurológicos ou até mesmo o uso de certos medicamentos (antidepressivos, por exemplo) podem impactar a capacidade de ter orgasmos. Cirurgias na região pélvica também podem ser um fator.
Fatores Psicológicos: A mente desempenha um papel crucial na resposta sexual. Ansiedade de desempenho, estresse, depressão, baixa autoestima, traumas sexuais passados ou até mesmo expectativas irrealistas sobre o orgasmo podem bloquear essa resposta natural do corpo. Crenças negativas sobre sexo ou o próprio corpo também contribuem.
Fatores Relacionais: Em um relacionamento, a comunicação íntima é fundamental. Problemas na dinâmica do casal, conflitos não resolvidos, falta de conexão emocional, ou uma comunicação deficiente sobre as preferências e desejos sexuais podem impactar a capacidade de um ou ambos os parceiros de atingir o orgasmo.
Fatores Sociais e Culturais: A forma como fomos educados sobre sexo, os mitos e tabus que nos cercam, e as expectativas culturais sobre a performance sexual também podem influenciar. A pressão para ter um “orgasmo perfeito” ou a falta de conhecimento sobre o próprio corpo e suas respostas sexuais são exemplos disso.
Como a Terapia Cognitivo-Sexual Pode Ajudar?
A boa notícia é que a anorgasmia é tratável e a TCS oferece ferramentas muito eficazes para lidar com ela. Nossa abordagem se baseia em evidências e busca entender e modificar os padrões de pensamento e comportamento que estão impedindo o orgasmo. Veja algumas estratégias que utilizamos:
Reestruturação Cognitiva: Trabalhamos para identificar e modificar pensamentos negativos ou distorcidos sobre o sexo, o corpo ou o orgasmo. Por exemplo, se alguém acredita que “sexo é sujo” ou “nunca vou ter orgasmo”, ajudamos a questionar essas crenças e a substituí-las por pensamentos mais realistas e positivos.
Foco Sensorial (Sensate Focus): Essa é uma técnica que convida a pessoa ou o casal a explorar o toque e as sensações físicas sem a pressão de ter que atingir o orgasmo. O objetivo é redescobrir o prazer e a conexão com o corpo, reduzindo a ansiedade de desempenho. É uma forma de “dessensibilização sistemática”, ou seja, diminuir a ansiedade gradualmente em relação à resposta sexual.
Treino de Habilidades de Comunicação: Para casais, aprimorar a forma como conversam sobre sexo é essencial. Ensinamos técnicas para expressar desejos, limites e preferências de forma clara, assertiva e carinhosa, sem julgamento.
Educação Sexual Aprofundada: Muitas vezes, a anorgasmia se resolve com um conhecimento mais aprofundado da própria anatomia e resposta sexual. Exploramos, por exemplo, a importância da estimulação clitoriana para a maioria das pessoas com vulva, ou como a estimulação de outras zonas erógenas pode ser igualmente prazerosa.
Primeiros Passos Práticos para Você

Se você se identifica com a anorgasmia, aqui estão algumas sugestões que pode começar a aplicar:

  1. Explore seu Corpo: Reserve um tempo para se masturbar em um ambiente tranquilo e seguro. O objetivo não é necessariamente o orgasmo, mas sim descobrir o que te dá prazer, onde, como e com qual intensidade. Use as mãos, um vibrador, ou outros objetos. Entender o seu próprio corpo é o primeiro passo para uma vida sexual mais satisfatória.
  2. Comunique-se com sua Parceria: Se você tem uma parceria, converse abertamente sobre suas experiências sexuais, seus desejos e o que te excita. Seja honesto sobre suas dificuldades, mas também sobre o que você sente prazer. Lembre-se, uma comunicação aberta fortalece a intimidade.
  3. Reduza a Pressão: Tente não focar exclusivamente no orgasmo. O sexo é muito mais do que isso! Explore as sensações, o toque, o carinho, a conexão e o prazer em si. Muitas vezes, ao tirar a pressão do “ter que ter um orgasmo”, ele pode surgir naturalmente.
  4. Considere seu Estilo de Vida: Pense em como você tem cuidado do seu corpo. Uma alimentação saudável, exercícios físicos regulares, boa qualidade de sono e manejo do estresse podem ter um impacto positivo na sua saúde sexual em geral.
    Busque Ajuda Profissional
    É fundamental lembrar que cada pessoa é única e cada caso de anorgasmia também é. Se a dificuldade em atingir o orgasmo está causando sofrimento significativo ou impactando sua qualidade de vida e relacionamentos, não hesite em buscar ajuda profissional. Um sexólogo ou terapeuta sexual certificado pode oferecer um diagnóstico preciso, um plano de tratamento personalizado e o suporte necessário para você ou seu relacionamento.